Quase caí esse fim de semana.
Existe vitória definitiva nessa caminhada?
Ou o que existe são períodos de pouca tentação e uma paz delicada como papel?
Como nos primeiros dias de luta, em que dialogava sozinho com meu diário, aqui estou novamente a escrever. Desta vez, não mais sozinho, mas tendo meus amigos por perto.
Quantas vezes caímos por excesso de autoconfiança? Alguns dias indo bem e já relaxamos nos cuidados… pois bem, que ninguém se descuide da luta. Nem eu, nem você. A partir de agora, vou usar este tópico para registrar alguns pensamentos sempre que precisar reorganizar a mente para o bom combate.
Hoje é o dia 211, e este capítulo se chama:
O que você está fazendo na ladeira?
Já reparou que na tela inicial do aplicativo, embaixo do contador, aparece uma frase?
Não me esqueço de uma que apareceu para mim nos primeiros dias: “se você não quer rolar ladeira abaixo, não fique perto da ladeira”.
Pois bem. Ladeira é a aba privativa do navegador aberta e aquela bobeira que estou pensando em pesquisar. Ladeira é o feed daquela rede social em que eu estou vendo as meninas que conheço postarem fotos provocantes. Ladeira é quando estou sozinho em um sábado à noite, sentindo tédio e uma certa carência, com o celular ao alcance da mão.
Ladeira não é um monstro de sete tentáculos que irá violentar o meu livre arbítrio e me tragar para o abismo contra a minha vontade. Ladeira é, simplesmente, um ponto em que basta a inércia para que meu próprio peso me faça rolar para baixo.
De todas as vezes que caí para o zero, nenhuma foi porque outra pessoa tenha me intimidado e forçado ao PMO. Bastou meu próprio peso, minha inércia e um momento de distração perto da ladeira. Começa devagarinho, talvez clicando no link de uma notícia mais apelativa, com assunto provocante. Em seguida, digito alguma coisa na busca e olho umas fotos “leves”. Baixa velocidade, mas acelerando, como um skate na ladeira. E a confiança: “isso não tem risco, não vou ir para coisas mais pesadas”.
Passa um tempo rolando as fotos, e o órgão começa a ficar estimulado. Quando encostado, quase explode de sensibilidade. Pronto, caí na armadilha. Porque agora já não é mais somente uma questão mental, racional - passa a ser fisiológica, com o corpo e todos os hormônios entrando em cena. É o skate tão embalado na ladeira que o único jeito de tentar parar é pulando, e a chance de tombo é alta.
Esse jeito de cair é meu velho conhecido. Um veterano de guerra deveria ser mais prudente e lembrar dos provérbios da luta:
Se você não quer rolar ladeira abaixo, não fique perto da ladeira.
Novoluar, que andou brincando de skate na ladeira esses dias: você é homem ou é muleque?
Vai colocar a missão em risco por um relaxo? Acha que por ter acumulado alguns dias ficou invencível?
Eu senti a poeira do chão perto do nariz, mas consegui pular do skate a tempo. Desta vez.
Vamos embora dessa ladeira agora.
novoluar (e6755849e9c40215a)