Olá!
Creio que contar os dias é mais do que saber há quantos dias não procuramos por pornografia. Contar os dias é permitir que ela seja ainda uma obsessão, porém agora em um aspecto negativo, no sentido de: "não posso ver pornografia, não posso ver pornografia, não posso ver pornografia; “estou no dia 1 e não posso ver pornografia, não posso ver pornografia”, “estou no dia 100 e não posso ver pornografia, não posso ver pornografia”. Aqui ela ainda exerce “poder” sobre nós, percebe? E tudo para o que conseguimos olhar…
Penso que em um determinado estágio, especialmente no início do “despertar”, essa atitude é meio que inevitável ou quase isso, e talvez seja assim até que, no processo, maturemos e consolidemos em nossas mentes e corações um propósito verdadeiramente sólido para estar lutando para que a pornografia não exerça mais aquele “poder”, seja o positivo, o “eu quero”, seja o negativo, o “não posso”. É uma espécie e um processo de convencimento de nós mesmos, que possivelmente nos permita olhar para ela apenas quando a tentação realmente vier e dizer: “eu posso e talvez queira, mas não preciso e não devo, pois tenho e/ou luto por algo maior”.
Mais do que vir aqui e VER o relógio, enquanto compartilhamos nosso progresso, sentimentos e pensamentos a respeito de nossa jornada individual ou simplesmente refletimos a partir do compartilhamento das jornadas dos outros, contar o dias é vir aqui para OLHAR e/ou ostentar o relógio, porque seu crescimento é tudo o que de fato nos convence que estamos longe e a estarmos longe.
O que devemos buscar me parece ser esse propósito, de modo a permitir que ele se sobreponha ao orgulho dos dias empilhados, permitir que ele nos dê motivos maiores e que nos impulsionem e incentivem a olhar para eles ao invés de simplesmente olhar para a pornografia a partir daquele aspecto negativo.
Estar aqui e contemplar a caminhada de outras pessoas pode ajudar nesse processo de construção de propósito, de olhar e buscar por valores, desejos e conquistas que ajudem a deixar de olhar somente e obsessivamente para a pornografia e nos permita olhar para nós e para os outros que estão a nossa volta e são por isso também impactados, ainda que nem saibam e tampouco percebamos.
Diante disso, cada um precisa avaliar como estar aqui tem permitido ou incentivado a enxergar esta caminhada, e se tem ajudado ou pode ajudar a construir um propósito para além do contador de dias.
Seja como for, tenho a certeza de que aqui, fora daqui ou também aqui, é muito melhor, se não crucial, caminhar junto de outra ou outras pessoas, e, quanto mais próximas forem essas, maior o impacto em nos impulsionarem para longe deste mal e mais próximos de outros bens, nem que toda a ajuda que tenham a dar seja apenas e simplesmente o saber compassivo (digo assim para afastar o olhar meramente julgador).
Dito isso, no que me toca, eu não entro aqui todo dia e nem me refiro sempre ao relógio quando o faço. Já houve momentos de mais assiduidade e de menos, mas agora, pelo menos, tenho conseguido viver e olhar para outros lugares, de modo que os dias estão se acumulando naturalmente e isso ainda assim já não significa tanto, porque pelo menos até aqui tenho conseguido manter o valor fora deles, de modo a serem mera consequência. Nem sempre foi assim e precisei caminhar para que deixasse de ser, “aqui” e especialmente “fora daqui” (terapia, grupos de ajuda, exposição e revelação do problema a quem achei “viável” e, sobretudo, Deus, de “quem” esse mal, enquanto pecado, me afasta).
Abraço, cara! Siga em frente, seja aonde e como for.