Diário do Reb0rn

Certamente. Acredito que o mais importante é conseguir perceber que não somos esses vícios, carências, impulsos ou vontades. A fonte do problema está justamente na identificação que temos com a nossa mente.

Por exemplo, quando alguém pensa em recair com a PMO. A pessoa quis pensar naquilo, ela gerou esse pensamento de forma consciente? Ou é algo que simplesmente acometeu ela?

Na grande maioria dos casos é a última opção. Nós não pedimos para que surjam esses impulsos ou pensamentos, portanto, não somos os responsáveis por gerar eles.

Mas então quem seria o responsável? O Ego (pelo menos segundo as tradições orientais). O Ego é basicamente um falso eu interior, uma entidade que se ancora no passado e futuro, nunca estando presente e imerso no agora.

É uma estrutura mental criada para nos proteger, só que, paradoxalmente, ela acaba muito mais nos prejudicando do que ajudando. Você já deve ter ouvido falar que o Ego adora a zona de conforto, certo? Mas na verdade essa afirmação não é muito correta.

Se formos analisar a fundo, perceberemos que na realidade o Ego adora o conhecido e, por consequência, sente pavor do desconhecido. É por conta disso que o Ego ama os vícios: pois é um estado conhecido, afinal, praticamos diversas vezes ao longo da vida, sabemos como é.

Resumindo, o Ego prefere o sofrimento do conhecido do que a incerteza do desconhecido. Por essas e outras ele faz de TUDO para nos trazer de volta aos vícios, pois ele não sabe o que tem do outro lado. Como seria uma vida sem essa compulsão? Essa é uma dúvida que o atormenta.

Após compreender esse processo, fica claro que a cura para qualquer tipo de vício/compulsão é se desassociar do Ego. Porque, em primeiro lugar, ele é o responsável por criar esses vícios.

Quando entendemos isso (não em um nível meramente mental, mas no interior do nosso ser) fica muito mais fácil simplesmente rejeitar qualquer tipo de pedido ou sugestão que o Ego coloque na nossa cabeça. E quanto mais dissermos “não” a esses pensamentos e impulsos que nos acometem, mais eles vão perdendo a força e o nosso verdadeiro Eu poderá florescer.

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Já aproveitando…dia 2.

Hoje foi bem tranquilo. Mas eu ainda tenho bastante coisa para acertar, preciso arrumar meu sono e me inscrever numa academia. Pretendo iniciar isso nessa semana que está por vir.

Abraço e bom resto de final de semana para todos :pray:

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Dia 3

Dia tranquilo, nada a comentar. Amanha volta o trabalho e já tenho uma pequena meta para essa semana: não chegar atrasado no serviço kkkk. Eu moro bem perto do trabalho, menos de 5min caminhando, não é nem um pouco justificável atrasar.

Geralmente eu chego atrasado quando recaio na noite anterior e não tenho vontade de levantar da cama pela manhã. Vocês já devem ter passado por isso, acordar e ficar colocando o despertador no modo soneca. No meu caso, geralmente não é por estar com sono, mas sim pela carga de culpa e arrependimento pelo que fiz na noite passada.

Acordar no outro dia após uma recaída é bem desgastante. O cansaço físico e mental é aparente, a vontade é de isolar de tudo e todos e ficar o dia inteiro deitado na cama. Mas a vida continua, por mais que tomemos essa decisão estúpida de recair, as situações e responsabilidades da vida continuarão a aparecer.

Dito isto, a reflexão que fica é: você quer estar preparado para encarar essas situações da melhor forma? Se a resposta for sim, então tome a decisão de não recair. Sabemos como a vida melhora quando conseguimos se manter em um caminho de pureza. Na verdade, não é exatamente o exterior que melhora, mas sim o nosso interior e consequentemente a forma como lidamos com a vida.

O prazer de se desenvolver e construir uma vida que vale a pena ser vivida, é muito mais gratificante do que 10 segundos de uma ilusão que transforma nossa experiência em algo deprimente. Preciso ter isso em mente quando surgir a próxima tentação…

Abraço e uma boa semana para todos (as) :pray:

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Dia 4

Ontem foi intenso. Consegui ser produtivo no trabalho e cumpri as minhas metas diárias. Além disso, me senti bem mais emotivo do que antes, acho que deve ser um bom sinal.

Estou me permitindo sentir coisas que antes acabava colocando pra baixo do tapete ou reprimindo. Quase sempre por meio da PMO. Minha família está passando por um rompimento complicado, ontem antes de dormir eu deixei esses sentimentos fluírem e acabei chorando.

Meus pais estavam viajando e retornaram ontem, então não tinha tido a oportunidade de parabenizar o meu pai pelo dia dele. O presenteei com algumas camisetas, só que depois me senti triste. Fiquei pensando que o melhor presente para um pai é ver o filho evoluindo e se tornando um homem melhor, algo que definitivamente eu não fiz nos últimos anos.

Enfim, ao mesmo tempo que isso me entristeceu, também me deu esperanças ao pensar em que tipo de homem eu quero ter me tornado até o próximo dia dos pais.

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Ao longo dos dias de NoFap, a gente vai se tornando mais sensível. Afinal, esse vício nos deixa bastante insensíveis. A gente começa a sentir as nossas emoções. Isso é bom, sentir que não é um monstro ou algo do tipo. Eu sinto algo parecido, mas como sou meio frio e bastante discreto, não sinto com frequência. Espero que você continue avançando, irmão, e continue relatando. Vai te ajudar.

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Valeu irmão!

Acredito que é bem isso mesmo. A PMO acaba nos desumanizando com o tempo, nos transformando em pessoas apáticas e egoístas, presas no próprio mundinho. Tira nossa capacidade de amar e se colocar no lugar do próximo.

Atualmente eu me enxergo como um fragmento seperado das coisas, existe uma espécie de muro que me afasta das pessoas e impede qualquer tipo de intimidade. Mas sinto que isso está mudando aos poucos, conforme vou me relacionando melhor comigo mesmo, consigo ter uma relação mais saudável com o mundo externo. Afinal, o mundo externo é um reflexo do nosso mundo interno.

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Dia 6

Hoje foi no mínimo interessante…comecei a sentir alguns benefícios.

O despertador tocou 6:30 e logo veio aquele pensamento: “ah cara, coloca pra despertar 6:45, mais 15 minutinhos é tranquilo”. Nesse momento eu me tornei consciente desse pensamento e pulei da cama, literalmente. Agora imaginando esse mesmo cenário há 1 semana atrás, com toda certeza eu iria obedecer as sugestões da minha mente e ficar mais tempo deitado. Esses foram os primeiros benefícios que eu senti: mais força de vontade, energia e clareza mental (no sentido de me tornar consciente dos padrões mentais e por consequência, não fazer o que eles estão me demandando).

No trabalho eu fui bem produtivo, fiquei tão imerso nas minhas atividades que nem percebi o tempo passando. Quando me dei conta, já havia acabado o expediente. Passei grande parte do dia resolvendo situações fora da empresa. Nas corridas de Uber fui carismático e extrovertido, consegui ter conversas legais com os motoristas e, ainda melhor, de forma autêntica, eu realmente queria interagir e ouvir as pessoas.

Me senti confiante em todos os ambientes que estava, andando com a postura reta e olhando pra frente. Detalhe, eu não me forcei a fazer isso, simplesmente aconteceu. Percebi a minha ansiedade bem controlada, não vou dizer que estava nula, pois tive alguns momentos de ansiedade e estresse, mas foi bem tranquilo. Consegui falar de forma calma com todas as pessoas, sem gaguejar, com clareza e mantendo contato visual. Não consigo nem me lembrar quando foi a última vez em que isso aconteceu…

Por fim, também pude notar algumas mulheres me “secando” durante o dia…tentei não dar muita bola e seguir no foco, até pra não acabar gerando pensamentos de luxúria. Acho que todo homem gosta de receber esses olhares, a confiança fica lá em cima. Mas enfim, preciso ter em mente que não estou fazendo isso para atrair mulheres, se acontecer, é consequência.

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Dia 7

“Nosso objetivo não é buscar a Deus, mas buscar e encontrar todas as paredes dentro de nós mesmos que criamos que nos separam de Deus.”

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Dia 9

Ontem foi legal, passei um tempo com a minha família. Eles até ficaram meio surpresos que dessa vez eu decidi ir junto, pois nas últimas vezes eu neguei todos os convites e preferi ficar isolado.

Eu havia combinado de jogar fut com um amigo, mas de última hora ele me mandou mensagem pedindo pra desmarcar. Disse que estava mal e sem vontade de fazer nada, até chegou a tirar a foto de perfil no whatsapp. Recentemente ele terminou um relacionamento, acho que deve estar passando por uma fase meio “deprê”.

Hoje de manhã eu tive uma polução durante um sonho erótico, me senti meio estranho e até demorei mais pra sair da cama por conta do ocorrido. Acredito que isso seja uma tentativa do meu subconsciente de me trazer aos velhos padrões da PMO, deve fazer parte da desintoxicação. Não vou me deixar abalar, até porque não foi algo consciente.

Rumo aos 14 dias!

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Apenas uma observação

Antes do sonho erótico e da polução, eu sonhei que estava num lugar bonito, em contato com a natureza. No local havia uma torneira, mas em algum momento ela ficou entupida e começou a vazar muita água. Isso gerou uma espécie de tsunami e por consequência, uma inundação.

Acho que não foi um sonho aleatório, mas sim algo simbólico. A minha interpretação é que a inundação representa uma coisa que está presa e quer emergir de alguma forma, talvez o meu desejo sexual ou até mesmo o vício (que é a deturpação de um desejo autêntico e natural).

Eu posso fugir desse tsunami ou me entregar a ele, em ambos os casos, irei me afogar e morrer. A fuga do tsunami pode se traduzir em repressão do desejo sexual. Já a entrega, se relaciona com a banalização da sexualidade e a busca desenfreada pelos prazeres da carne. Ambas as abordagens são equivocadas e geram efeitos negativos na saúde física e espiritual.

Mas existe uma terceira opção: a aceitação da sexualidade como algo inerente do ser humano. O que como efeito, também envolve a valorização e o bom aproveitamento dessa energia (transmutação sexual).

Como essa opção se encaixaria no contexto do meu sonho? Bom, ao invés de fugir da inundação ou me entregar a ela, eu iria buscar uma solução na raíz do problema. Ou seja, arrumaria a torneira para evitar a tsunami. A partir daí, eu seria capaz de controlar a água e ter uma boa relação com ela, utilizando-a ao meu favor. Essa é a essência da transmutação sexual.

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Dia 10

No amor fomos gerados.
No amor nascemos.
O Amor me disse:
“Não há nada que não seja eu”.
Fiquei em silêncio.

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Dia 0

Eu caí, caí feio. 3 vezes no mesmo dia.

Apatia e vergonha definem esse momento.

Inclusive, acabei de reassistir “Shame” e infelizmente me vi naquele personagem. O filme é repleto de cenas explícitas e nudez, mas o propósito delas não é gerar excitação, pelo contrário (e considerando tudo o que eu vi hoje, essa seria a última coisa que eu estaria preocupado).

Uma cena simbólica do filme:

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Dia 1

Sinceramente, não tenho muito o que falar.

Hoje eu parei um pouco pra refletir e cheguei à conclusão de que eu só quero ser uma pessoa normal. Quero ter amigos, uma vida social, quem sabe até arrumar uma namorada e eventualmente me casar, construir uma família, coisas desse tipo. Ter pessoas que me amam ao meu redor e conseguir ser a minha melhor versão para retribuir esse amor.

Eu não tenho sonhos muito absurdos nessa vida. Não quero ser rico, famoso, etc. Eu só quero ser capaz de criar intimidade com as pessoas, não suporto mais viver nessa reclusão emocional. Só quero poder me relacionar de forma natural, sem essa voz me acusando e me dizendo como eu sou um merda que está jogando a vida no lixo.

Eu cansei. Não aguento mais ser um escravo desse vício nojento. Não aguento mais olhar para as mulheres dessa forma. Não quero mais carregar esse peso nas costas, quero realmente ser livre e encontrar a felicidade nessa vida, o amor.

Talvez essa entrega à luxúria seja uma tentativa inconsciente de buscar amor, acolhimento, carinho, intimidade…mas é tudo uma ilusão. O vício não tampa esse buraco, pelo contrário, gera um ainda maior. Se for pra continuar vivendo dessa forma, eu prefiro morrer.

Na verdade, se seguir nesse caminho, já vou ter morrido muito antes de estar morto. Irei me tornar numa caricatura, em uma casca vazia. A única coisa que vai sobrar são os meus sonhos inalcançados e uma remota ideia do homem que eu queria ter me tornado, da vida que eu queria ter construído, mas que coloquei tudo a perder por causa da minha atitude covarde e egoísta.

Dia 2

Hoje eu consegui resistir a algumas tentações que me ocorreram. Pensamentos como: “se eu chegar em casa e recair, não vai ser tão ruim assim, afinal, estou só no primeiro dia”. Além disso, no meu trabalho tem mulheres bem atraentes e em alguns momentos eu senti esse impulso de olhar pra elas de forma sexual. Mas graças a Deus, fui capaz de me manter consciente.

Cheguei num ponto onde estou realmente cansado, acho que essa é a palavra que melhor define. Quando eu olho para as mulheres na rua ou no trabalho, me sinto angustiado, porque no fundo eu sei onde isso vai acabar.

O mesmo sentimento acontece quando, por exemplo, estou escutando algum podcast e um dos apresentadores cita uma mulher bonita que eu não conheça. Naquele mesmo momento aparece a curiosidade de abrir o google imagens e pesquisar o nome dela. Talvez para uma pessoa normal isso não seja grande coisa, mas no meu caso é uma pré recaída e no fundo eu sei disso. Eu sei que agindo dessa forma estou me colocando na beira do abismo, com a desculpa de que: “não, é só por curiosidade mesmo”.

Enfim, é isso. Ontem estava muito dramático, hoje já estou mais inserido na realidade. Me sinto preso, acorrentado, só que com a chave bem na minha frente. O sentimento de saber que sou o único culpado por me colocar nessa situação é desesperador e libertador ao mesmo tempo.

Como é ruim se sentir isolado e alheio a tudo. Enquanto vejo as pessoas se relacionando, criando intimidade, dando risada, se envolvendo, etc. Quando eu me olho, vejo alguém deprimido, que não consegue desenvolver intimidade com ninguém. Pra ser bem sincero, não consigo me conectar verdadeiramente nem com os meus pais.

Já fazem 3 anos que trabalho no mesmo lugar e eu não consegui fazer amizade com NINGUÉM. O quão absurdo isso é? Não quero mais viver com essa casca que me separa das pessoas. E quando eu digo casca, não é exagero. Quem me vê por fora deve achar que eu sou extremamente fechado e antissocial. E eu não os culpo, pois essa é a impressão que eu passo mesmo.

Só queria colocar isso pra fora.

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