Certamente. Acredito que o mais importante é conseguir perceber que não somos esses vícios, carências, impulsos ou vontades. A fonte do problema está justamente na identificação que temos com a nossa mente.
Por exemplo, quando alguém pensa em recair com a PMO. A pessoa quis pensar naquilo, ela gerou esse pensamento de forma consciente? Ou é algo que simplesmente acometeu ela?
Na grande maioria dos casos é a última opção. Nós não pedimos para que surjam esses impulsos ou pensamentos, portanto, não somos os responsáveis por gerar eles.
Mas então quem seria o responsável? O Ego (pelo menos segundo as tradições orientais). O Ego é basicamente um falso eu interior, uma entidade que se ancora no passado e futuro, nunca estando presente e imerso no agora.
É uma estrutura mental criada para nos proteger, só que, paradoxalmente, ela acaba muito mais nos prejudicando do que ajudando. Você já deve ter ouvido falar que o Ego adora a zona de conforto, certo? Mas na verdade essa afirmação não é muito correta.
Se formos analisar a fundo, perceberemos que na realidade o Ego adora o conhecido e, por consequência, sente pavor do desconhecido. É por conta disso que o Ego ama os vícios: pois é um estado conhecido, afinal, praticamos diversas vezes ao longo da vida, sabemos como é.
Resumindo, o Ego prefere o sofrimento do conhecido do que a incerteza do desconhecido. Por essas e outras ele faz de TUDO para nos trazer de volta aos vícios, pois ele não sabe o que tem do outro lado. Como seria uma vida sem essa compulsão? Essa é uma dúvida que o atormenta.
Após compreender esse processo, fica claro que a cura para qualquer tipo de vício/compulsão é se desassociar do Ego. Porque, em primeiro lugar, ele é o responsável por criar esses vícios.
Quando entendemos isso (não em um nível meramente mental, mas no interior do nosso ser) fica muito mais fácil simplesmente rejeitar qualquer tipo de pedido ou sugestão que o Ego coloque na nossa cabeça. E quanto mais dissermos “não” a esses pensamentos e impulsos que nos acometem, mais eles vão perdendo a força e o nosso verdadeiro Eu poderá florescer.