Diário do Sugrillos

Dia 15

Ontem meu pai faleceu. Teve o descanso merecido. No momento da sua morte, fui o cara racional e durão que saiu no meio do trabalho pra resolver tudo. Agora após o enterro, me dou o espaço pra vivenciar o luto, chorar o quanto puder e sentir aquele alivio momentâneo.

É doidera estar nos 34 anos e não ter mais pais nem avós. O ciclo natural da vida é que quando a pessoa perde os pais, ela já tenha constituído uma família pra receber um suporte. Eu no momento me encontro no chão da sala sendo meu próprio suporte. Tive o abraço de amigos e familiares hoje no enterro, mas quando todos voltam para suas vidas, o que me sobra sou eu por eu mesmo.

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Dia 31

Primeiro mês foi bem tranquilo.

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Dia 45

Nessa nesma semana, teve um dia que eu chorei mais do que no dia em que meu pai morreu e uns dias depois eu chorei de rir no trabalho. O que há em comum nessas duas situações, é a forma como me sinto quando as lágrimas acabam:

Uma sensação serena, um bem estar que me deixa entorpecido e calmo.

Recentemente terminei de ler o livro ‘Ensaio sobre a cegueira’ e nele há uma frase muito interessante:

“Todos temos os nossos momentos de fraqueza, ainda o que nos vale é sermos capazes de chorar, o choro muitas vezes é uma salvação, há ocasiões em que morreríamos se não chorássemos.”

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Olá Sugrillos, quanto tempo. Sinto muitíssimo pelo seu pai, deve ter sido um momento muito difícil pra você. Espero que você possa encontrar conforto e forças pra seguir em frente.

Queria também agradecer por todo esforço que você colocou aqui no fórum. Me ajudou muito quando tive minha maior streak. Tenho certeza que se tivesse me mantido firme, minha vida estaria melhor agora.

A exemplo seu decidi também criar um diário. Espero que me ajude e ajude outros também.

Um abraço pra você e continue firme.

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Olá, monkme, realmente quanto tempo… Muito obrigado pelas palavras de conforto. Há dias e dias, mas tenho conseguido lidar com isso, tanto porque já passei por isso com a minha mãe, a diferença é que dessa vez estou sozinho.

Fico feliz que o fórum possa ter te ajudado. Hoje já não estou tão ativo, mas as vezes bate aquela saudade de quando eu estava 100% focado aqui rsrs foram bons tempos.

Vamos seguir firmes. Se postar diariamente for te ajudar, que assim seja. Um abraço.

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Dia 60

Até o momento tenho seguido o reboot em hardmode, porém ainda não tive uma polução noturna, o que pode ser bom e ruim ao mesmo tempo. O bom é que dá mais energia pra fazer as coisas, mais motivação, o ruim é que a libido fica lá em cima, e as vezes é difícil lidar com tantos impulsos sexuais.

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Dia 90

Lembro da primeira vez que alcancei essa marca. Eu estava radiante, contando os dias. Tomei um café especial no dia, almocei fora e comprei uma guitarra e um amplificador como presente merecido. Eu suspirava de alegria e me sentia outra pessoa.

Hoje, está sendo mais um dia como outro qualquer. Me arrastei pra sair da cama pela manhã, comi dois pedaços de pizza amanhecidos, tive vontade de chorar no trabalho mas segurei a onda. Almocei uma comida simples e meio sem graça que fiz pra semana (arroz, frango e abóbora), admirei o temporal que caiu pela tarde, cheguei em casa, abracei minha gata e pedi uma comida japa pra comemorar novamente essa marca.

Mas a real é que quando você está de luto, a vida fica cinza, uns dias com tons mais escuros e outros um poucos mais claros.

Acho que o amor as vezes é egoísta. Meu pai sofreu por 4 meses e nesse período eu orava pra que Deus o levasse e acabasse com sua dor, mas hoje, na ausência, eu queria pegar o carro e ir vista-lo na clinica onde estava internado, mesmo que fosse para o ver naquela cama hospitalar, falando pouco comigo com muita dificuldade e orando por mim na hora que eu fosse embora.

Enquanto ele estava vivo, eu tinha um propósito que era cuidar dele, aproveitar seus últimos momentos, então eu tirava forças pra continuar em meio a toda aquela correria de trabalhar, cuidar da casa e ir visita-lo.

Hoje parece que sigo em frente sem um propósito, sem rumo. Levanto de manhã porque tenho que levantar. Os dias são iguais e os finais de semana que antes eram prazerosos, agora são solitários e apáticos.

Sim, tenho dias bons, mas eles são como respiros breves de alguém que está submerso em um mar de angústia. Eu abraço a dor e me permito sofrer porque a força não está na ausência de sofrimento, mas na Resiliencia de continuar mesmo em meio a dor.

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