Diário do Improover

Boa noite a todos. Resolvi criar esse diário como uma forma de mapear a minha jornada de reboot. Espero que ele possa me auxiliar e, claro, também ajudar as pessoas que eventualmente irão passar por aqui.

Eu possuo um vício severo em PMO. Tudo começou aos 9 anos de idade, quando eu fui sugado para esse mundo miserável e nojento. Hoje eu tenho 20 anos, ou seja, há mais de uma década eu convivo com esse hábito. Fazem +ou- menos 4 anos que eu venho tentando parar, mas sem sucesso.

Esse ciclo de recaídas me colocou em um lugar muito sombrio, um lugar que eu preciso urgentemente sair. Nos últimos tempos eu tive duas crises de pânico, ambas em eventos sociais. Acredito fortemente que isso tenha ocorrido por conta do vício e também por sentimentos/traumas reprimidos e mal resolvidos.

Estou sendo consumido por um sentimento de extrema apatia, onde nada mais nessa vida me gera prazer (apenas o PMO). Pessoal, eu não sei se mais alguém passa por isso, mas é horrível. No mês passado eu fui em um show do GUNS N’ ROSES e nem isso foi capaz de me colocar pra cima. Não tinha nem passado 1 hora e eu já estava louco pra ir embora…

Fiquei o show inteiro encenando reações e fingido que estava me divertindo só pra agradar os meus pais. Mas no fundo eu não estava sentindo merda nenhuma e não via a hora de ir pra casa.

Enfim, esse foi só um dos exemplos de situações recorrentes que eu tenho vivenciado. A minha vontade é de simplesmente deixar de existir, sinto que a minha vida não vale a pena e que estou fadado a ser desse jeito, um viciado covarde.

Já tive alguns pensamentos suicidas mas nunca levei eles pra frente. Penso que uma das coisas que me impedem de fazer isso é um resto de espiritualidade que eu tenho, apesar de não ser religioso e nem seguir dogmas, acredito fortemente que exista algo além desse mundo material.

Me desculpem por esse textão, foi mais um desabafo do que qualquer outra coisa. O bom é que eu já posso usar como uma introdução ao diário kkkk. Se você leu até aqui, eu te desejo uma ótima sorte e que se mantenha firme na jornada. Sintam-se à vontade para compartilhar qualquer coisa que surja em vossas mentes!

Deus abençoe.

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Antes que eu me esqueça.

Dia 0

Olá @Improover!
Rapaz, tô contigo. Vou seguir o seu diário e ver você vencer. Estamos na mesma batalha. A gente cai de monte, mas a vontade de vencer é maior.

Bora para o dia 1.

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Valeu pela motivação mano, estamos juntos nessa!

Caso queira me adicionar: 9ksasl

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Entendo muito bem o que vc está passando, porque já me senti da mesma maneira e hoje depois de passar uns bons meses, sinto que melhorei bastante em vários aspectos, porém não tanto quanto imaginei que melhoraria, pq apesar de me sentir bem melhor hoje, percebo que vários problemas que eu tinha não eram originados pelo vício em pmo, mas sim agravados pela PMO. Então se livrar da PMO faz com que seja possível vc começar a enfrentar seus problemas e melhorar como pessoa. Dito isso o conselho que eu dou é : não desista, pq quando a gente tá mal tende a pensar com uma ótica negativa, mas isso é uma distorção que só te faz afundar ainda mais em pensamentos depressivos. Vc precisa refletir sobre o que está te levando a ter recaídas e bolar estratégias para não cair mais nos mesmo erros.
Abraços e te desejo sorte na sua jornada

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Dia 01

Hoje eu me senti cansado, com praticamente 0 libido e uma apatia na maior parte do tempo (salvo alguns picos de ânimo). Tudo parece tão distante, eu simplesmente não consigo me conectar genuinamente com as pessoas. Juro que não é por falta de vontade.

A maioria das emoções que eu demonstro durante o dia são forjadas, na verdade tudo não passa de uma máscara que eu uso para as pessoas não me acharem “estranho” ou “grosseiro”.

Essa situação vem drenando a minha energia vital há tempos. E como eu já expressei lá em cima, eu realmente gostaria de criar uma conexão com as pessoas ao meu redor. O problema é que eu não consigo ser tão falso a ponto de mentir pra mim mesmo.

Bem lá no fundo eu não tenho muito interesse em ouvir o que os outros têm pra falar. Também acho cansativo cumprir as normas sociais, como dar bom dia, falar sobre o tempo, etc…até manter contato visual acaba sendo um desafio pra mim.

Eu não me orgulho disso e também não costumava ser dessa forma. Espero superar (ou ao menos amenizar) isso durante o reboot.

Seguindo.

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Cara, parando pra pensar faz sentido. Achei interessante essa sua visão de que a PMO acaba intensificando problemas já existentes.

E é bem o que você falou. Só o fato de se livrar do vício já acaba dando um baita gás pra que a gente consiga resolver os nossos problemas.

Grato pelas palavras de motivação. Também te desejo sorte na jornada.

Abraço e Deus abençoe!

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Entendo perfeitamente o que vc descreveu, parece até que era eu me descrevendo. Sei como é ficar nessa sensação de vazio e ter que fingir emoções para não parecer estranho ou grosseiro em certas situações

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Cara, ja passei por isso também. Fingir emoções pra agradar aos outros, é horrível isso. O vazio era enorme e eu não sentia prazer em nada mais. Você faz algum tratamento com psicólogo e psiquiatra? O que vc descreveu parece com depressão.

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Falhei, dia 0 novamente.

Não me sinto mal pelo que fiz, eu só não sinto nada como de costume.

Já não sou capaz de perceber os malefícios dessa prática porque isso se tornou a minha vida, ou melhor falando, o meu estado natural.

Eu nem me lembro mais como é o “outro lado”, como é a vida sem esse escravidão da PMO.

De qualquer forma não irei ficar choramingando e nem desistir, a única pessoa capaz de me tirar dessa miséria sou eu mesmo.

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Olha, eu fui no psicólogo por um tempo e não adiantou muita coisa. Vale ressaltar que não foi por vontade própria, meus pais que me obrigaram.

Já sobre a depressão, isso é algo que eu não desconsidero. Supondo que eu realmente tenha, acredito firmemente que o vício em PMO desempenhou um papel crucial nesse problema.

No mais, eu sou bem avesso ao uso de remédios para tratar coisas do tipo. Por mais que eu saiba que eles podem ser úteis em alguns casos, não me sentiria confortável para usá-los.

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Mas e você mano, já chegou a fazer tratamento com psicólogo e/ou psiquiatra? Se sim, gostaria que compartilhasse um pouco da experiência. Caso se sinta confortável, claro.

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Ano que vem completo 2 anos de terapia, e tive uma evolução muito grande em muitas áreas, e a principal e que foi o motivo de eu procurar fazer terapia, é que eu era um homem muito inseguro. Creio que eu não teria essa evolução toda sem o auxilio da da terapia.

Sobre remédios psiquiátricos, eu tomei na época da depressão e também tinha uma grande resistência, pois achava que eu seria dependente pelo resto da vida e que teria vários efeitos colaterais, mas na verdade, os remédios me estabilizaram pois o vazio era muito grande e os pensamentos suicidas eram frequentes. Quando melhorei, parei de tomar por conta própria, mas não recomendo isso.

Na época da depressão, eu não quis fazer terapia, fui em umas 3 sessões no máximo e desisti, mas hj eu etendo que seu tivesse continuado, teria sido bem mais fácil passar por tudo aquilo.

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Sinceramente, acho melhor quando a gente cai e não sente nada, do que quando a gente cai e fica se sentindo o pior ser da Terra.

É preciso não se autocondenar, antes de tudo.

Mas pelas suas próprias palavras e pela sua perseverança em frequentar esse fórum já dá pra ver que você percebe os malefícios da prática e está fazendo algo a respeito.

A solução não é simples. Mas acredito muito, meu irmão, que de tanto a gente querer, a gente uma hora enxerga caminhos.

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Interessante seu relato, fico feliz que a terapia tenha te ajudado.

De uma forma ou de outra, acredito que esses sentimentos ruins acabam sendo importantes. Na minha visão isso é um “sinal” de que algo está errado e precisa ser trabalhado.

Não faço ideia de onde surja esse sinal, se é enviado por Deus ou se trata de um mecanismo do nosso corpo, alma, subconsciente, essência interior, etc. Só sei que existe essa inteligência que quer nos ajudar de alguma forma.

No mais, eu penso que muitas vezes a crise pode se tranformar na solução, e que depois de uma tempestade de emoções negativas e traumas, você consegue tirar aprendizados valiosos e crescer como ser humano.

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Pode perceber, isso acontece até na natureza. Diversos animais precisam fazer um esforço enorme para evoluírem/passarem para a próxima fase.

A larva é um exemplo disso, ela precisa destruir o casulo para só depois se tornar uma borboleta. Nesse contexto, o casulo pode ser visto como todas as emoções ruins e traumas que acumulamos ao longo da vida. Que acabam por nos aprisionar e limitar a nossa existência. Assim como a borboleta, temos que passar por isso e aguentar firme, para conseguirmos nos libertar e viver a vida que devemos viver.

Foi mal…acabei viajando um pouco kkkk. Só escrevi tudo o que aparecia na minha mente.

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Certamente, meu caro. Eu costumava me martirizar demais quando caía no vício. Mas aí eu comecei a pegar um pouco mais leve comigo mesmo e compreendi que eu fui sugado para esse mundo muito cedo.

Fiquei dos 9 até os 16 anos imerso na PMO e achando que era algo normal. Quando eu fui perceber a gravidade disso, já estava afundado no vício. De qualquer forma, não adianta lamentar pelo que já se foi. A vida é AGORA!

Bora pra cima, tô quase chegando no dia 2

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Puxa, mano… 9 anos é muito cedo. Sinto muito por ter sido assim contigo.
Acho que comecei lá pela 5ª série, com uns 11 anos. Mas como na época a internet era muito meia boca, nem tinha onde conseguir material direito. Era umas fotinhos toscas e olhe lá.

Infelizmente o vício cria raízes que dão trabalho para a gente remover… mas que bom que já estamos nessa fase. É o prenúncio da cura! Bora pra cima! Parabéns pelo dia 2!

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Pois é mano, o primeiro material de nudez que eu vi foi um vídeo pornô bem hardcore. Com 9 anos eu nem sabia o que era sexo e fiquei chocado com o que estava passando na tela do computador.

Pra você ter ideia, eu passei os primeiros meses só assistindo vídeos, sem se masturbar, porque na época eu não havia descoberto a masturbação.

Mas enfim, já aproveito pra dizer que cheguei ao dia 2! Bora pra cima, vamos recuperar a nossa mente.

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Sabe, mano, acho que de certa forma, ter passado por essas experiências (e agora passar pela recuperação) vai nos mostrar como ensinar melhor as crianças. Quando eu tinha essa idade, nunca tive suporte em relação a esses assuntos. Sei lá se minha mãe nunca desconfiou que eu fizesse PMO, ou nunca quis encarar essa conversa. Só sei que eu fui descobrindo tudo sozinho, sem ter alguém mais maduro com quem conversar, e depois tive que me virar sozinho pra sair do problema.

Já conversei com meu irmão mais novo e outros adolescentes sobre PMO, sinto que é útil compartilhar um pouco da bagagem com quem está chegando agora. Pelo menos mostrar que tem uma porta aberta quando quiserem conversar. Pra não precisarem bater tanta cabeça quanto a gente.

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