Dia 07 - EasyPeasy - Aldous Huxley tinha razão, estamos presos em uma prisão mental

Este é o sétimo dia do reboot mais fácil que já vivi, afinal as crenças subjacentes que haviam na minha mente e prejudicavam minha vida em nofap não existem mais. Sempre fui fã de melhorar quem eu sou, acho importante a ideia de aproveitar a vida de uma forma que nos enriqueça internamente. Acabei esbarrando nos processos de autoconsciência, o exercício de observar a si mesmo, observar suas emoções e sua mente. Quem olha para o próprio corpo e o que ele sente, mas não rapidamente, olha com calma, consegue perceber mais e mais coisas sobre si mesmo. Tenho notado que eliminar compulsões, como nofap por exemplo (entre outras compulsões) que seriam distrações e fuga de si mesmo, evidenciam ainda mais o que você sente, suas emoções. Já que não há mais uma fuga de si mesmo e de sua realidade, ela precisará ser encarada como é. Percebam que o alcoolismo (dando um dos muitos exemplos que poderiam caber aqui) funciona do mesmo jeito, quando a pessoa deixa de beber, ela vai ficando mais lúcida de sua própria condição. Se a letargia causada pelo consumo de pornografia vai sumindo com a cura do vício, então as emoções ou problemas na vida, começam a ficar mais claro. Letargia é o processo de torpor, ou seja de estar entorpecido, algo que lembra uma anestesia leve, uma sensação de preguiça, de sono, onde não se está totalmente desperto, é a mesma sensação de quando acabamos de acordar, isso voluntariamente procurado por conta do sofrimento que queremos fugir, ou pelas sensações emocionais as quais não queremos sentir. Pude perceber uma evidência de processos emocionais sutis ocorrendo e não caio em seus encantos, o que curiosamente acontecia antes, qualquer desconforto emocional era resolvido com uma sessão de pmo. Estar em nofap no método EasyPeasy, aguça mais ainda essa percepção fazendo com que você perceba detalhes antes não notados (era como se antes você sentisse só o começo da emoção e já fosse se livrando dela numa sessão de pmo) e ainda mais você consegue lidar bem melhor com suas emoções.

Em 1932, um maravilhoso escritor chamado Aldous Huxley teve uma espécie de epifania, quase como um presságio, de um tempo onde o mundo seria bem diferente daquela época em que ele vivia e resumiu isso em um livro de ficção chamado “Admirável Mundo Novo”, mas quando se olha para o nosso entorno agora em 2021 essa ficção se confunde muito com a realidade. A frase mais impactante que eu considerei no livro foi: “A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão”. Isso parece com o mundo do vício sexual, do vício em pornografia, dessa era absurdamente sexualizada, da prisão acomodada maratonando séries, reality shows, comendo porcarias, bebendo até cair, dentre outras atividades que são apenas distrações, fugas de nós mesmos? Sim. Inclusive no livro ele fala disso em várias cenas que ocorrem com o protagonista. Um tempo completamente fugaz, sem valores, numa busca incontrolável por prazeres e pela manutenção da própria zona de conforto, com meninos covardes com medo da própria sombra. Ninguém está imune a influência cruel de um meio doentio, mas por sorte muitos começaram a despertar, quando não já estão suspeitando que existe algo muito errado acontecendo. Veja que em 1968 a revolução sexual vem com tudo e o sexo está presente em milhares de situações, nunca foi tão fácil transar, consumir pornografia e etc, sejam homens ou mulheres, hoje se perde a virgindade mais cedo do que antigamente, o número de parceiros de ambos os gêneros são muito maiores ao longo da vida, mas também nunca o ser humano foi tão insatisfeito. Se entregar ao hedonismo provavelmente não foi a resposta. O pior é o quão o comportamento de artistas influenciam pessoas que estão simbolicamente identificadas com eles, afinal, se o padrão da humanidade atual é fugir de si mesmo, claro que a vida do outro se torna mais importante que a sua, pois pelo menos não se está olhando para a própria vida e para os próprios desconfortos, logo existe uma mimetização(imitação) simbólica, nós tendemos a imitar pessoas com as quais nos identificamos, então se elas defendem bebidas, drogas, sexo e saem se divorciando por simples tédio começamos a achar que isso que é vida de verdade. Quando em vício na pornografia nós tendemos a mimetizar atores pornô objetificando mulheres, pessoas e todos os comportamentos daquele personagem que o ator interpreta naquele vídeo, pois acreditamos que somos ele e então agiremos conforme o mesmo - pode não acontecer vendo um vídeo apenas, mas some isso a anos de consumo com milhares de vídeos e certamente ocorrerá. A sorte, como eu disse, é que já existem pessoas acordando para essa situação, buscando o desenvolvimento pessoal, a espiritualidade, a filosofia, os livros clássicos. E claro, a gente pode dançar na chuva, assistir uma série ou outra, ver um filme besteirol, mas compreendemos também que a vida não é apenas isso e por isso o indivíduo mais lúcido não se perde naquilo. É estar no mundo, sem ser do mundo, é aproveitar a vida sem se perder de si mesmo. Ainda que o mundo esteja um caos e as pessoas zombem de você quando você diz que vive em nofap e que isso melhora a sua vida, não se curve diante do ceticismo alheio muitas vezes enviesado pela mídia ou por um sistema que lucra com a escravidão das pessoas, você sabe o que vive e o que faz sentido para você; sua experiência é a sua melhor amiga. E mesmo que o mundo esteja um caos, você não precisa estar. Você pode e se quiser conseguirá ficar de pé entre as ruínas. Um abraço forte e boa jornada.

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Deus me perdoe mas, CARALHO. Que texto. Amigo. Você tem me ajudado demais.

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Não terminei de ler ainda, mas achei o seu texto incrível! Suas reflexões são bem profundas e a comparação da realidade com o livro é mais ainda.Vou ler esse livro com certeza! Força guys!

Suas palavras motivam a me tornar cada vez melhor, não tem outro caminho, nofap é muito mais do que imaginamos, arrisco ainda dizer que é uma filosofia de vida.